sábado, 1 de novembro de 2025

A Serpente e a Figueira dos Amores

Figueira dos Amores

Eleita Árvore Portuguesa do Ano 2025, a Figueira dos Amores é uma das exóticas gigantes que se ergue no Jardim da Quinta das Lágrimas, em Coimbra. A sua história terá começado em meados do século XIX, a partir de uma semente vinda da Austrália, um dos países de onde a espécie Ficus macrophylla é nativa.

A história da Quinta das Lágrimas começa muito antes da Figueira dos Amores ter sido plantada. Remonta ao século XIV e o documento mais antigo que se conhece sobre ela data de 1326.

Foi nesse ano que a Rainha Santa Isabel, mulher de D. Dinis, mandou criar um canal para encaminhar a água de duas nascentes para o Convento de Santa Clara. Ao local de onde água brotava deste canal, chamaram depois “Fonte dos Amores”. Conta-se que este nome lhe foi dado por ser junto a esta fonte que o infante D. Pedro e Inês de Castro (aia da mulher do infante, D. Constança) se encontravam secretamente, consolidando um amor proibido que levou, mais tarde, ao assassinato de Inês.


Ao longo dos séculos, os jardins da Quinta das Lágrimas foram-se ampliando e acolhendo novas espécies. Por exemplo, em 1813, o Duque de Wellington, que ajudara Portugal a travar o avanço das tropas de Napoleão, visitou a quinta e, para assinalar o momento, foram plantadas duas sequoias.

Em meados do mesmo século, o filho do dono da Quinta, Miguel Osório Cabral de Castro, mandou construir um “jardim romântico”, com lagos e árvores exóticas e raras, que o microclima húmido desta zona fez prosperar. Mais tarde, o sobrinho D. Duarte de Alarcão Velasquez Sarmento Osório, mandou construir junto à saída de água mandada fazer pela Rainha Santa Isabel uma porta em arco e uma janela neogóticas.

Terá sido por meados do século XIX, numa troca de sementes com o Jardim Botânico de Sidney, na Austrália, que a Figueira dos Amores teve a sua origem, crescendo próxima da Fonte dos Amores e não longe da porta e janela neogóticas.

Muitas outras espécies vindas das mais variadas partes do mundo fazem-lhe companhia no Jardim da Quinta das Lágrimas.

Algumas gigantes ultrapassam-na em altura, como acontece com várias espécies de Araucaria, incluindo uma também australiana – a Araucaria bidwillii, e uma Sequoia sempervirens. Outras, embora menos imponentes em dimensão, impressionam pela beleza da sua floração e pelas nuances de cor que as suas folhas imprimem à paisagem nas diferentes estações do ano. É o caso da Árvore-de-Júpiter (Lagerstroemia indica), do Ginkgo biloba, da magnólia-japonesa (Magnolia x soulangiana) ou do tulipeiro-da-Virgínia (Liriodendron tulipifera).


 A Figueira dos Amores foi eleita como Árvore do Ano 2025, no Concurso realizado em Portugal, com 2713 votos. A candidatura foi feita pela Fundação Inês de Castro. No concurso europeu “Tree of the Year 2025” arrecadou o segundo lugar.

Fotografias Zito Colaço

Árvores do Amor - As Árvores Misteriosas de Portugal

2012

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Oliveira do Mouchão: a árvore mais antiga de Portugal


Oliveira do Mouchão: a árvore mais antiga de Portugal

  A oliveira mais velha de Portugal é a Oliveira do Mouchão, localizada nas proximidades de Mouriscas, Abrantes, com cerca de 3.350 anos. A sua idade foi certificada pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) utilizando um método científico para estimar a idade da árvore. Apesar da sua idade avançada, a árvore continua a produzir azeitonas e é um símbolo cultural da região. 





Nome: Oliveira do Mouchão

Idade: Aproximadamente 3.350 anos

Localização: Perto da vila de Mouriscas, no concelho de Abrantes

Certificação: A idade foi certificada pela UTAD

Características: Tem mais de três metros de altura e um perímetro de tronco de cerca de 6,5 metros.
Status: Classificada como Arvoredo de Interesse Público e Árvore Monumental de Portugal.


Fotografias Zito Colaço

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

"Se esta rua fosse minha"...

 
Se esta rua fosse minha

Eu mandava a ladrilhar

Com pedrinhas de brilhantes

Para o meu amor passar

Nesta rua tem um bosque

Que se chama solidão

Dentro dele mora um anjo

Que roubou meu coração

Se eu roubei teu coração

É porque te quero bem

Se eu roubei teu coração

É porque

Tu roubaste o meu também





A versão original de "Se essa rua fosse minha" não tem um autor conhecido, sendo uma cantiga popular de origem incerta, possivelmente do século XIX em Portugal, que se espalhou pelo Brasil. 
No entanto, a melodia foi popularizada e adaptada por compositores como Heitor Villa-Lobos, que a usou em "Cirandinhas" em 1926. 

Posteriormente, Mário Lago e Roberto Martins criaram uma versão em samba-canção nos anos 30.



Instalações e Fotografias de Zito Colaço

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Zito Colaço, na Reserva Botânica da Mata Nacional dos Medos da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica, com as Árvores do Amor - 20 anos


ÁRVORES DO AMOR

Grandes, pequenas, formosas, circunspectas, imponentes ou frágeis. Dão, sem pedir nada. E são, simplesmente. Respiram, respiram-nos e fazem respirar. Amam, amam-nos e fazem-nos amar. Conta-se que um jovem cavaleiro cansado de travar batalhas infindáveis e de desfecho previsível refugiava-se na floresta. As árvores ouviam-no pacientemente e um dia decidiram falar-lhe. Amai-vos uns aos Outros Como Nós Vos Amamos. Tomado de assalto pela revelação, o cavaleiro decidiu ali mesmo abandonar a carreira militar e dedicar-se a uma vida nova de aprendizagem com aquelas árvores sagradas. Estamos certos de que todos teremos muito a aprender com o mistério das Árvores do Amor. A nossa mensagem também é simples. Amar-vores uns aos Outros Como Elas vos Amam. Parece fácil. E é.











 Zito Colaço, na Reserva Botânica da Mata Nacional dos Medos da 
Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica, com as Árvores do Amor.
20 anos

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Monte Branco do Vascão

Monte Branco do Vascão

O rio Vascão ou ribeira do Vascão é um rio português afluente da margem direita do Guadiana que, em grande parte do seu curso, faz fronteira entre as províncias do Alentejo e do Algarve.

É o rio português mais longo entre os que não têm barragens ou outras interrupções artificiais. O rio e a zona envolvente estão classificados como sítio Ramsar.

A toponímia do nome é mencionada como refereindo-se ao português antigo Vascão, "habitante do país basco". Já segundo Adalberto Alves, no seu controverso Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa, a origem do topónimo Vascão é a palavra árabe baṣqa, «zona pedregosa». Segundo outros estudiosos, a palavra árabe "basqa" significaria "zona de pedras negras".


Pêgo da Cascalheira

Uma das áreas de maior interesse ao longo do Rio Vascão é o Pêgo da Cascalheira, situado na freguesia de Santa Cruz, onde se situam os vestígios de vários moinhos de água e açudes. Destaca-se pela sua riqueza natural, sendo o habitat de várias espécies raras, motivo pelo qual está integrada na Zona de Protecção Especial do Vale do Guadiana.


Património histórico

Entre o património histórico associado ao curso de água destaca-se o Moinho de Água do Vascão, situado na freguesia do Espírito Santo, em Mértola, e que incluía um açude, uma azenha, uma pequena habitação em pedra e um forno.

É atravessado pela Estrada Nacional 122 numa ponte metálica, inaugurada em 1946.


 Fotografias Zito Colaço

sábado, 20 de setembro de 2025

Fonte da Moura, Castro Verde.

Lenda da Fonte da Moura

Conta a lenda que, em tempos, um grupo de cavaleiros liderado por D. Afonso Henriques, viajava já há muitos dias pelos campos. Cheios de sede, os cavaleiros procuravam água. No caminho, encontraram uma jovem moura fugitiva e perguntaram-lhe se sabia onde encontrar alguma fonte nas redondezas.

Ela respondeu-lhes que a fonte ficava muito longe daquele lugar. Em tom de desafio, acrescentou que se o Deus dos cristãos era assim tão poderoso, então que fizesse nascer ali mesmo uma fonte. Talvez assim ela até se convertesse ao cristianismo.

D. Afonso Henriques desceu do cavalo e retirou-se para rezar. De repente, ouviu-se um barulho e um jato de água límpida e fresca formou um pequeno regato. Os cavaleiros ajoelharam-se perante o milagre e a jovem moura prometeu dedicar a sua vida ao Deus cristão.

A fonte ficou para sempre conhecida como a Fonte da Moura.







Ribeira de Cobres

Afluente da margem direita do rio Guadiana.

Nasce a sul de Almodôvar e tem uma extensão de 75 quilómetros.
Na ribeira de Cobres existe a barragem de Apariça, a maior da região de Castro Verde.

A confluência com o Guadiana dá-se a montante do Pulo do Lobo, uma queda de água, num desnível de 15 metros, provocada pelo estreitamento súbito das duas margens do rio Guadiana.








 Fotografias Zito Colaço

domingo, 14 de setembro de 2025

"Oliveira de Cobres".

O rio passa ao lado de uma árvore, cumprimenta-a, alimenta-a, dá-lhe água...
e vai em frente, dançando. 

 Ele não se prende à árvore.


A árvore deixa cair suas flores sobre o rio em profunda gratidão,
e o rio segue em frente.


O vento chega, dança ao redor da árvore e segue em frente.
E a árvore empresta o seu perfume ao vento... 


E a árvore empresta o seu perfume ao vento...


 
Se a humanidade crescesse,
amadurecesse, essa seria a maneira de amar.

Fotografias Zito Colaço