domingo, 25 de junho de 2017

Albufeira de Odivelas - Uma pérola no Alentejo

 Albufeira de Odivelas -  Uma pérola no Alentejo

O acaso levou-nos para dentro da Magia transformada em paisagem. Cenário digno dos melhores contos de fadas, onde a vida nos convida a estar, simplesmente, entregue a cada momento. Sítio ideal para se sonhar, conviver, relaxar, caminhar, saborear e celebrar a doçura de estar vivo. Sente-se uma química muito peculiar com este lugar, com o acolhimento das gentes da terra, com a albufeira em estado selvagem, com o contacto direto com os peixes, as cobras de água, as lebres, os burros, as vacas, que convivem pacificamente com a nossa presença, fazendo parte da comunidade que nos recebe carinhosamente em frequências quentes de um Alentejo no coração do Verão. A vida selvagem solta os stresses e amarras da vida civilizada e devolve-nos a pureza e tranquilidade, neste espaço de cura e recuperação de melhor de nós próprios. 

Texto Ana Carina Sanches
Fotografias Zito Colaço






Pinheiro das Areias - O maior Pinheiro-manso de Portugal

 Pinheiro das Areias - O maior Pinheiro-manso de Portugal

É manso mas cresceu em bravura pelo céu acima, rompeu o chão horizontalmente em tamanhos gigantescos e, sozinho, permaneceu na sua grandiosidade, isolado em terra de homens e mulheres de olhos presos na sua própria pequenez. É uma alma antiga que não necessita de validação externa, brilha porque nasceu e cresceu assim, subsiste na sua verdade, respira o seu tempo e alimenta-se da sua solidão de eremita refugiado em paisagens privadas internas. O seu porte e postura perante o cenário que o circunda devolve-me um respeito ilimitado pela força e resiliência de todos os seres da Natureza, tão especiais e únicas que nos mostram como o mundo podia ser o nosso paraíso mais perfeito se olhássemos para ele de coração aberto.

Texto Ana Carina Sanches
Fotografias Zito Colaço



Serra de Montejunto - O miradouro natural mais alto da Estremadura

  Serra de Montejunto - O miradouro natural mais alto da Estremadura

666m de altitude, (aqui não é o número do diabo), é a altitude do miradouro natural mais alto da Estremadura, na Serra de Montejunto. Com uma paisagem larga que se estende em verdes ondas de serra, é notável o deslumbramento e o mistério das suas terras tantas vezes cobertas por nevoeiro e neblinas silenciosas. Povo de mitos e lendas, que alimentou muito tempo a crença que o monte era oco e nele morava o mar por dentro, protegido por santas e rodeado de capelas e ruínas sagradas, Montejunto apresenta uma mística envolvente e fascinante. Com parque de campismo e zona de merendas mergulhada na vegetação pode sentir-se a Natureza a manifestar o seu esplendor, oferecendo-se vários trilhos de caminhada e áreas infinitas de sonhos e lazer. 

Texto Ana Carina Sanches
Fotografias Zito Colaço







O diabo está entre nós, não o subestimem.

O Diabo está entre nós, não o subestimem

Quando o terror de tudo aquilo que não se consegue explicar no momento imediato da crise nos assalta, tem de se culpar alguém. Ou os políticos, ou os vizinhos ou a mãe Natureza, ou o Universo e todas as forças do mal. É de facto diabólico ver pessoas (que podíamos ser nós), a ser engolidas pelas chamas num ápice de tempo, deixando um desespero e uma impotência avassaladora que transbordam na identidade coletiva de um povo que agora chora o infortúnio do Destino.
O Diabo somos nós. Somos o Diabo sempre que não nos amamos, nem cuidamos uns dos outros, sempre que não respeitamos o espaço e o tempo uns dos outros, sempre que nos abandonamos em solidões indizíveis e nos vitimizamos por tudo o que não damos, mas ainda assim queremos receber. Somos Diabos negligentes sempre que não limpamos o lixo dos outros na nossa alma, na nossa casa, nas nossas matas e florestas encantadas. Somos o Diabo sempre que abdicamos do encanto da vida para sermos nós a sujar, a não cuidar, a não olhar, e a não sentir a comunhão com o outro e com a Natureza que nos rodeia, e a exigir sempre a sua bênção como os seres mais merecedores das graças do Cosmo. O Diabo somos nós sempre que procuramos a culpa fora de tudo o que está ao nosso alcance, que verdadeiramente, é tanto!
Somos o Diabo sempre que fechamos os olhos ao ser divino que mora dentro de cada um de nós. Sempre que não nos deliciamos perante a magia de cada árvore, sempre que não bebemos de cada fonte de paz, prazer e serenidade que nos oferece cada caminho ao ar livre, sempre que não sorrimos com o perfume enfeitiçado da esteva e do alecrim. Somos o Diabo porque deixámos de nos encantar com a Natureza. E não temos de carregar essa culpa, ela igualmente diabólica. Temos de nos despir dessa necessidade infernal de resolver os problemas com estratégias falhadas de fuga/ataque. Por Pedrógão Grande e por todas as tragédias das nossas memórias individuais e coletivas e de todas as energias que unem o passado ao futuro, a hora é agora: o Paraíso somos nós, basta amarmos e cuidarmos do nosso meio ambiente. Não o subestimem!

Texto Ana Carina Sanches
Fotografia Zito Colaço

terça-feira, 13 de junho de 2017

Fonte do Javali - O Refúgio dos Sonhos

Fonte do Javali - O Refúgio dos Sonhos

Maktub, palavra árabe que significa “já estava escrito”, ou “tinha de acontecer”. Há sítios que encontram os seus donos, como o destino escrito nas estrelas. Porque o Universo conspira a nosso favor quando os sonhos amadurecem e estamos verdadeiramente aptos para receber a sua graça.
O Javali é um animal muito antigo, que já aparecia nas pinturas rupestres dos homens das cavernas. Toda a sua simbologia ancestral o conduz à energia selvagem da força bruta, agressividade e brutalidade, pelas suas reacções sempre violentas e impetuosas. Foi considerado também uma autoridade espiritual, em oposição ao urso que representa o poder temporal. É o animal com o dom de ver nas trevas, evoca a habilidade de sentir o perigo, e no xamanismo, a medicina do Javali refere-se à comunicação, expressividade, inteligência e coragem.
O Javali vive na floresta, cavando uma cova funda em solo raso, do tamanho do seu corpo robusto, que depois tapa com ramos, ervas secas e musgo.
Embora sejam animais sociais que vivem em bando, que é formado pelas fêmeas e crias, o Javali é um animal solitário, ausentando-se do grupo ao tornar-se adulto, onde só regressa na altura do cio.
Durante o dia o Javali repousa no mato, e ao anoitecer parte em busca de alimento e água. Corre com muita velocidade e geralmente em linha reta. É prudente mas consciente da sua força e armas temíveis que fazem parte da sua natureza. Dá muitas vezes provas de inteligência e malícia, com o seu carácter irritável, mas não ataca os seres humanos se não se sentir ameaçado. O Javali adapta-se a vários ambientes, come vegetais e carne de pequenos animais, nos Invernos rigorosos não hesita em lançar-se por longas migrações em busca do seu bem-estar.
A busca pela felicidade é comum a todos os seres vivos. As cordas do destino entrelaçam caminhos para, nos cruzamentos, nos depararmos com o que de mais puro trazemos no espírito. Coincidências do destino, auto-biografia com uma fonte de significados tão perfeitos e íntimos onde se pode sempre beber da identidade sem medo nem vergonha do reflexo de cada imagem na água.
Todos procuramos uma toca, um refúgio, onde os nossos sonhos sejam fonte de força e de verdade, e a violência que nos corre no sangue acalme e a solidão se transmute em amor e comunhão. Onde cada ser feroz possa, enfim, descansar. 

Texto Ana Carina Sanches
Fotografia Zito Colaço

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Olival da Pêga e a maior Oliveira de Portugal

Olival da Pêga e a maior Oliveira de Portugal

Portugal é o melhor País das Maravilhas. Em Reguengos de Monsaraz visitámos o Olival da Pega, um universo quase infinito de Oliveiras em várias fases do seu ciclo de vida. Mergulhando no Olival somos brindados por mantos dourados e um calor escaldante, com árvores antigas, de troncos retorcidos, mas de carácter reto. Perante a magnitude da maior Oliveira de Portugal fica evidente o seu magnetismo sagrado: árvore de grande porte, segura e robusta, com raízes teimosas, que se agarram à terra com toda a convicção do Cosmo, em jornadas de sacrifício e fé, estendendo até ao outro lado do mundo as suas fortes raízes que a fazem permanecer quase indestrutível. Além da Oliveira colossal, este olival abarca uma Anta igualmente com mais de 3000 anos e muitas histórias desta e de outras vidas. A antiguidade não lhes rouba a essência, nem a Luz, nem o verde das suas folhagens, nem a fruta, nem o espírito perene, nem a vontade de viver para sempre.

Texto Ana Carina Sanches
Fotografias Zito Colaço



Monsaraz e a magia do Alqueva

Monsaraz e a magia do Alqueva

Terra especial com vista para o Alqueva, ponto indiscutível de interesse turístico, poço mágico de aventura, história e contemplação. Desde o seu majestoso castelo e muralhas que guardam as suas gentes, às ruas típicas da vila cheia de vida e cor, ao cromeleque do Xerez – paraíso megalítico, à praia fluvial inaugurada no início deste mês de Junho, tudo tem uma energia divinal, envolvida na típica paisagem alentejana, que em tons dourados aconchega generosamente os visitantes. Caminhando nas ruas de xisto, o branco caiado das paredes desta vila medieval limpa-nos a alma e a combinação deste leque diversificado de interesses mantém-nos ligados e absorvidos numa alegria intensa, num sentimento quente e completo de Magia.

Texto Ana Carina Sanches
Fotografias Zito Colaço