quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Ponta Ruiva e a História de uma Estrela













 Fotografias Zito Colaço


História de uma Estrela

Criatura reservada e misteriosa, eu também posso ser curiosa do mundo e dos seres que o habitam. Algumas vezes saio a descoberto, deixo os raios do sol me beijarem e a luz da lua me embrulhar. 
Aprecio o perfil escultórico da rocha diante de mim, com o seu nariz bicudo e a testa inquieta: o vento não a deixa nunca em paz, a sua vida é uma luta para ficar igual a si mesma. Gosto da paciência do pescador, semelhante à minha: devagarinho, quase sem mexer o corpo, sigo para a presa, até o ímpeto final, onde o outro ser torna-se parte de mim. 
As vibrações das ondas são o meu verdadeiro sopro de vida. 
Adoro as ondas e deixo-me deslizar pelas águas sinuosas, mas com cuidado… quantas amigas, embrulhadas pelo canto de sereia do mar, deixaram-se levar e nunca mais voltei a vê-las.
Sei muito bem do que estou a falar. 
Na minha juventude, aventurei-me tanto que um fim inglório esperava por mim, no mundo humano desconhecido onde apenas eu seria uma ‘coisa’ linda para o gosto de outros. O bom pescador foi quem me salvou, por isso muitas vezes fico aqui ao seu lado e sinto-me protegida. 
Da minha rocha, uma estrela velha e sábia, a olhar para as estrelas irmãs no céu.
Penso que tenho sorte por que conheço o mistério do universo.

Storia di una stella 

Creatura riservata e misteriosa, anch’io sono curiosa del mondo e degli esseri che lo popolano. Alcune volte esco allo scoperto e allora sì, lascio che mi bacino i raggi del sole e mi faccio avvolgere dalla luce della luna. 
Osservo il profilo scultoreo della roccia davanti a me, con il suo naso appuntito e la fronte corrucciata: il vento non le dà mai pace, la sua vita è una lotta per rimanere uguale a se stessa! Ammiro la pazienza del pescatore, simile alla mia: movimenti lenti quasi impercettibili verso la preda, fino all’impeto finale, quando l’altro essere, rapido, diventa me. 
Le vibrazioni delle onde sono il mio vero alito di vita. Amo le onde e mi lascio scivolare tra le acque sinuose, ma non troppo… quante compagne, ammaliate dal canto di sirena del mare, si sono lasciate trasportare e da me non sono più tornate. 
So molto bene di cosa sto parlando. Quando ero giovane, mi avventurai così lontano che una fine ingloriosa mi stava ormai aspettando, nel mondo umano sconosciuto dove sarei stata solo una ‘cosa’ bella per il piacere di altri: il buon pescatore mi salvò, per questo spesso rimango accanto a lui e mi sento protetta. Me ne sto qua, sulla mia roccia, ormai una stella vecchia e saggia, e rivolta verso le stelle sorelle lassù in cielo, penso che sono fortunata perché conosco il mistero dell’universo.

Texto Barbara Tellini


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