LOVE TREES
Gravei em ti o nome.
Não sei quantos anos passaram. Muitos.
Nem sei, ao certo, o que escrevi, se o nome próprio sem apelido, se vice-versa, ambas, sei lá.Em tua casca, provavelmente, uma caligrafia perdida. Mudei de letra quantas vezes mudei de vida. Mudei-me à imagem de outros até descobrir que, amor de mim, não tinha. Só depois desse me amou alguém. E eu... também. Um amor que me adiou a velhice, feito de gargalhadas e arrepios, calores e frios nos olhos e decisões aos molhos que me pareceram promissoras, na hora.
Não agora. Que me resta um arrepio na memória do tacto. Este estar triste inacto que, só então, é esboço de sorriso. Cheiro de hálitos quentes, som de gemidos clementes de "não pares" e "pára". E todos os dias, num outro leito. Adormeço com o quente aroma do teu cabelo. E acordo na certeza que o meu destino é vê-lo. Um dia em desalinho no meu peito. Enquanto não, procuro-te a ti. No início, sem sucesso. Marco o trajecto para o regresso. Densa floresta, jardim. NÃO! E lá estás. Envelheces-te. Mas continuas bela. Abraço-te. Mas já não te abarco. Guardo na roupa esta mancha de resina que me deste. E leio-me fundo no teu tronco agreste. E decido que é a ti que amo. A mais ninguém.
Poemas Nuno Dias
Fotografias Zito Colaço
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