segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

LOVETREES, film by Zito Colaço.




LOVETREES
film by Zito Colaço

Argumento - Nuno Costa

Uma dor surda cresce na sombra. Lisboa já não é a cidade da luz diáfama, mas um labirinto trevoso sem fuga. A cidade, símbolo de progresso e civilização na tradição clássica, não passa hoje de um presídio de almas à deriva sujeitas à lei de Darwin, ao princípio sacrossanto de que só o mais forte sobreviverá. Uma náusea fria e cinzenta tolda os sentidos e depressa a confusão congnitiva e o vazio emocional tornam-se o cimento de um pânico crónico. Cimento real e metafórico que aprisiona corpo e espírito num colete de forças psíquico. Mas talvez haja um caminho de regresso à terra pura da liberdade. E para fazer o caminho é preciso atravessar uma ponte, onde as dúvidas e os medos acenam com os velhos fantasmas. Mas do outro lado da ponte, ultrapassando a vertigem do abismo, fechando os olhos e respirando fundo, abre-se um novo horizonte e insinua-se um sentido, tão fresco como uma manhã de primavera. na Mata dos Medos, pulmão verde da margem do sul do Tejo, onde as árvores são seres vivos e pulsantes (ao contrário dos espectros fantasmagóricos que habitam a cidade) dá-se o reencontro com Gaia, a grande Mãe. E com Eros, a pulsão primordial, e sexual, vivificante na presença misteriosa de uma mulher enigmática.
Afinal, a cidade podia ter tentado matar Deus e esvaziar os céus e a terra de sentido(Nietzsche dixit), mas o Amor não é facilmente aniquilável. E no regresso ao seio materno da natureza, o Amor faz-se anunciar de novo.
Só que, enquanto o Amor de Gaia, a Mata dos Medos, é estabilizador e aconchegante, o Amor de Eros, o misterioso vulto feminino, é imprevisível nos seus desígnios. E da mesma forma com que se faz anunciar sem aviso prévio, também pode eclipsar-se como uma miragem etérea que joga às escondidas com a volatilidade do desejo humano.

Fotografias Zito Colaço

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