Os Namorados (Os Enamorados ou Os Amantes) |
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O Arcano da Iniciação, da Castidade e do Livre-arbítrio |
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Um homem, entre duas mulheres, é
visado por uma flecha que parece pronta para
ser disparada por um anjo, Cupido, à frente de um disco
solar. O homem, no centro do grupo, olha para a mulher
da esquerda. Ele tem cabelos louros, as pernas
descobertas, e sua vestimenta é uma túnica de listas
verticais, com mangas e um cinto amarelo. Vê-se
apenas uma das suas mãos, a direita, à altura do cinto. |
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A mulher da direita, com os
cabelos louros soltos sobre os ombros, tem um rosto jovem,
fino. A mão esquerda está pousada sobre o
peito do homem, enquanto a direita aponta para baixo, de
modo que os braços estão cruzados. |
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A outra mulher, a da esquerda,
está representada de costas, mas o rosto aparece de perfil.
Tem cabelos que escapam livremente de um
curioso chapéu. Dirige a mão direita para a terra e pousa a
esquerda sobre o ombro do jovem. |
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O anjo, de cabelos louros e asas
azuis, segura uma flecha branca com uma das
mãos enquanto com a outra segura um arco da mesma cor. |
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Do disco solar surgem 24 raios pontiagudos, um dos quais é superposto pela asa do anjo. |
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Significados simbólicos |
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Sentimento. Livre arbítrio. Maioridade. Prova. Escolha. Encadeamento, enredo, abraço, |
luta, antagonismo, combinação, equilíbrio. |
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Matrimônio, ligação, união. Integração de ambos os sexos ao poder gerador do universo. |
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Interpretações usuais na cartomancia |
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Decisão voluntária,
eleição. Votos, aspirações,
desejos. Exame, deliberações, responsabilidades.
Afetos. |
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É a carta da união e do
matrimônio. Pode representar para os consulentes
de ambos os sexos a iminência de uma escolha
a ser realizada; em certos casos, também,
a infidelidade. |
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Mental: Amor pelas belas formas e pelas artes plásticas. |
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Emocional: Dedicação e sacrifícios. |
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Físico:
Os desejos, o amor, o sacrifício
pela pátria ou pelos ideais sociais, assim como todos
os sentimentos manifestados fortemente no plano
físico. |
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Sentido negativo:
Ruptura, separação, cortes, desordem. Divórcio.
Prova a ser suportada. Dúvida,
indecisão. Tentações perigosas,
risco de ser seduzido. Má conduta, libertinagem.
Debilidade, falta de heroísmo. Indecisão
e impotência. |
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História e iconografia |
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Em vasos e quadros da época romana, encontra-se
com freqüência a imagem de um casal de namorados ante uma
terceira pessoa ou elemento (em geral um Cupido). |
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O Arcano VI parece referir-se de forma alegórica a uma idéia diferente: a famosa parábola de Hércules na encruzilhada entre a Virtude e o Vicio,
tal como conta Xenofonte nas suas lembranças de Sócrates.
É bem provável que esta parábola – e suas variantes, como
a de Luciano, o Jovem, disputado pela Arte e pela Ciência, entre
as mais conhecidas – tenha sido popular na Idade Média,
visto que é citada por vários autores dessa época (Cícero,
no Tratado dos Deveres; São Basílio, no seu Discurso aos Jovens). |
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A idéia fundamental deste tema –
ou seja, a necessidade de escolha entre dois
caminhos – encontra-se igualmente em muitas imagens
cristãs. Pode-se citar como exemplo uma miniatura bizantina
do século X, onde Davi
está representado entre duas mulheres que simbolizam a
Sabedoria e a Profecia: a pomba que pousa sobre
a cabeça do rei lembra em muito o Cupido do Arcano VI. |
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A antiguidade desta parábola é
indiscutível, mesmo que as suas representações
gráficas mais remotas não tenham chegado até nos. Na vida
de Apolônio de Tiana, narrada por Filostrates
no final do século II, há uma curiosa passagem em
que um sábio egípcio diz a Apolônio: |
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“Tu conheces, nos livros de imagens,
a representação de Hércules em que ele, jovem, ainda não
escolheu o seu caminho. O Vício e a Virtude o rodeiam, tentam
atraí-lo, cada um o quer para si...” |
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É preciso remontar mais uma vez aos pitagóricos
para encontrar o simbolismo gráfico do tema, representado
entre eles pela letra Y, emblema da escolha vital que todo homem realiza no final da infância. |
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O traço da metade inferior da letra Y
representaria precisamente a infância, isenta de vícios ou
virtudes; os braços que partem da bifurcação da letra
representariam cada uma dessas tendências, enquanto que o ponto
onde a bifurcação se produz seria o momento exato em que a
puberdade se manifesta. |
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É comum encontrar nos manuscritos medievais esta referência à letra Y: “bifurcação, ou letra de Pitágoras”.
Não é casual, assim, que alguns desenhos
modernos do Tarô mencionem esta lâmina como A Dúvida
ou A Prova. |
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Esse mesmo significado é
mencionado no Antigo Testamento – no Deuteronômio,
no primeiro dos Salmos, e mais explicitamente ainda em
Jeremias. A idéia não reaparece no Novo Testamento, mas
sim no começo dos Ensinamentos dos Doze
Apóstolos, texto não canônico, presumivelmente composto
por volta do século II: “Dois são os caminhos; um leva à Vida e outro à Morte”. |
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Uma interpretação totalmente
diferente vê nessa estampa o ato do compromisso matrimonial
dos noivos diante do sacerdote, ou seja, a cerimônia
matrimônio enquanto sacramento. É o caso de alguns dos |
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célebres pintores renascentistas – Rafael,
Perugino – deram testemunho dessa cerimônia na
vida da Virgem. |
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Wirth vê no
Enamorado a primeira fase individual da trajetória iniciática,
quando o homem terminou a sua formação, mas não começou
ainda o seu trabalho. |
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Outra vertente de interpretação
menciona o simbolismo sexual do “senário”, partindo do
sentido literal do nome da Carta. |
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“Entre os pitagóricos – disse Clemente de Alexandria – o seis é um numero sexual, chamando-se por esta razão O Matrimônio”. |
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Nas analogias geométricas, o
Enamorado se identifica ao selo de Salomão, ou seja,
tem claro vínculo com cópula dos triângulos
entrelaçados. |
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Do ponto do vista psicológico, é
sem dúvida a metáfora mais transparente do
caminho para a identidade, que apenas se realiza
no conflito e no intercâmbio com o mundo e com os
outros. | | | | | |
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Fotografia Zito Colaço
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